Muita gente se lembra daquele chá que a avó preparava e que era “tiro e queda” para resolver algum mal-estar. A prática, muito comum no Brasil, faz parte da cultura popular e os benefícios de algumas plantas medicinais passaram a ser comprovados por estudos científicos. Não é à toa que o Sistema Único de Saúde (SUS) criou em 2006 a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos com objetivo de promover o uso sustentável da biodiversidade do Brasil em benefício da melhoria da qualidade de vida da população. O SUS oferta hoje cerca de 12 fitoterápicos para a população.
Seja pela biodiversidade abundante, seja pela dificuldade de acesso da população aos medicamentos industrializados, fato é que o uso de chás e infusões vem crescendo no País. O número de pessoas que procuram por medicamento fitoterápico mais que dobrou de 2013 a 2015, passando de cerca de 6 mil pessoas para quase 16 mil, segundo o Ministério da Saúde.
Essa realidade pode ser observada no município de Ipiranga do Norte, no Mato Grosso, onde o as plantas medicinais são cultivadas inclusive nas escolas, pelos alunos, para uso de quem tiver interesse na comunidade. Hortelã, poejo, anador, erva e capim cidreira, boldo, tansagem, menta, manjericão, alecrim, sálvia e losna são algumas das plantas cultivadas nas escolas. Mesmo sendo natural, o uso de plantas medicinais deve ser feito com conhecimento tanto dos benefícios quanto das dosagens e contraindicações.
Atenta às demandas da comunidade, a Companhia Energética Sinop – CES – promoveu em setembro palestras para cerca de 210 alunos, pais e professores da Escola Municipal Crescer e Aprender. A atividade faz parte das ações desenvolvidas pelo Programa de Educação Ambiental da usina e foi definida pelos representantes dos cinco municípios envolvidos no 2º Seminário Intermunicipal de Educação Ambiental, realizado em maio deste ano.
A equipe da MM Social foi chamada para mostrar aos pais e professores a forma correta de secagem das plantas, o armazenamento, dosagem, idades indicadas para o uso e o modo de preparo dos chás. Já as crianças aprenderam de forma mais lúdica, conhecendo espécies e sentindo seus aromas. “Falamos sobre as plantas cultivadas na escola que têm seu uso regulamentado pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. As pessoas já usavam as plantas, mas desconheciam muitos cuidados, tanto com relação ao preparo, quanto ao uso”, explica Adriana Mohr, da MM Social. “O simples ato de oferecer um chazinho para uma criança no intuito de curar pode acabar acarretando outros problemas. As plantas medicinais não devem ser usadas em crianças menores de 3 anos, gestantes e mulheres que estejam amamentando. Além disso, deve ser observada a interação com outros medicamentos que a pessoa já toma. Daí a importância de levar informação até essas pessoas”, enfatiza Adriana.
Conheça um pouco sobre algumas plantas medicinais:
Nome Popular: Tansagem, Tanchagem, Tranchagem
Nome Científico: Plantago major (Plantaginaceae)
Partes utilizadas: Folhas
Forma de Utilização:
Infusão: 2 a 3 colheres de sopa em 150 ml de água
Modo de usar: Aplicar no local afetado, em bochechos e gargarejos 3 vezes ao dia
Via: Tópico
Indicações: Inflamações da boca e faringe
Observações: Não engolir a preparação após o bochecho e gargarejo. Nunca utilizar a casca da semente.
Nome Popular: Boldo Nacional, Falso Boldo, Hortelã Homem
Nome Científico: Plectranthus barbatus (Lamiaceae)
Partes utilizadas: Folhas
Forma de Utilização:
Infusão: 1 a 3 colheres de chá em 150 ml de água
Modo de usar: 1 xícara de chá 2 a 3 vezes ao dia
Via: Oral
Indicações:
Má digestão;
Pressão baixa
Observações: Não deve ser usado em gestantes, lactantes, crianças e pessoas com pressão alta.
Nome Popular: Poejo
Nome Científico: Mentha pulegium (Lamiaceae)
Partes utilizadas: Partes aéreas
Forma de Utilização:
Infusão: 1 colher de sobremesa em 150 ml de água
Modo de usar: 1 xícara de chá 2 a 3 vezes ao dia durante ou após as refeições
Via: Oral
Indicações:
Infecções respiratórias como expectorante;
Estimula o apetite;
Indigestão
Observações: Não deve ser usada na gravidez e lactação, em crianças menores de 6 anos.
Nome Popular: Capim Cidreira, Capim Limão, Capim-Cidrão
Nome Científico: Cymbopogon citratus (Poaceae)
Partes utilizadas: Folhas
Forma de Utilização:
Infusão: 1 a 3 colheres de chá em 150 ml de água
Modo de usar: 1 xícara de chá de 2 a 3 vezes ao dia
Via: Oral
Indicações: Cólicas intestinais e uterinas. Quadros leves de ansiedade e insônia, como calmante
Observações: Pode aumentar o efeito de medicamentos calmantes.